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- Crônicas Azuis - por João Bennett
Postado por: Giro do Wal
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
>>> TÁRTARO <<<
Sempre fui uma pessoa relativamente saudável. Na infância,
não cheguei a ter grandes problemas. Com exceção, talvez, daquele ano em que
cheguei próximo ao que a nutricionista chamou de: obesidade mórbida.
Eu me
sentia bem.
Não
conseguia correr, ou enxergar com clareza meu pênis, mas na maior parte do
tempo eu estava bem. Havia alguns problemas na respiração durante o sono, mas
nada muito grave.
O tempo
passou, emagreci, cresci, amadureci.
Com
treze anos, prestes a me tornar um adolescente problemático, comecei a sentir
gosto de sangue na boca. Foi de fato o primeiro problema que me lembro. No
início não coloquei fé ou levei a sério. Achava que era efeito das pancadas que
tomava no rosto durante os treinos de Wing chun. Não era. Eu herdei do meu
velho uma arcada dentária, aparentemente, perfeita. Esqueceram de avisar a
gengiva. Acontece alguma coisa no meu corpo, principalmente na boca, que faz
com que o tártaro se acumule de maneira exorbitante, chega, inclusive, a empurrar
a gengiva para baixo.
Pois é,
colega leitor, ficarei banguelo.
Acontece
que por causa disso, tenho que ir ao dentista de três em três meses, no máximo,
para que ele raspe meu dente. Na falta de dinheiro há a opção de continuar
engolindo sangue. Até descobrir o que havia de errado, devo ter bebido o
suficiente para deixar Drácula com inveja. Depois da décima quinta golada, o
estomago para de enjoar e você se acostuma com o gosto.
O
problema é que com treze anos de idade, isso marca sua vida. Eu parei de sorrir
mostrando os dentes. Confesso que ainda tenho medo de fazer e acabar por
mostrar uma boca vermelha amarelada, porque é a cor que se estabelece depois
que o sangue se mistura com a saliva.
João Bennett um quase goiano, quase ator, quase escritor, quase legal. Tenho direito de permanecer em silêncio, tudo que eu disser pode, e será, usado contra mim.
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