Postado por: Giro do Wal domingo, 7 de setembro de 2014


Caderninho preto.

Caderno preto sem pautas ou margens, só folhas em branco de papel canson, gramatura ideal para desenho. Não sei por onde começo, quanto mais olho para as folhas mais sei que da minha vida pouco dela realmente sei. Quando vi, faço o primeiro traço mas como muitas vezes das quais tentei começar algo sei que vai virar uma bagunça, porque eu sou uma bagunça. Muitos pensamentos ao mesmo tempo, vontade de fazer muita coisa, vontade de largar tudo, vontade de sumir no mundo, vontade de tentar de novo, vontade de viver de tudo.  

Assim como aquele novo caderninho, sketchbook, ou o nome hipster que for que tenham dado para isso agora, eu sou um apunhado de páginas em branco as quais eu tento desesperadamente preencher. Mas não com qualquer coisa não sei bem  o que, mas eu vou tentando. 

O problema é que quando se tem a sensação de que se pode fazer tudo você trava e não sabe muito bem o que faz como já dizia o poema “ não sei se viro louca ou se viro puta…” e por ai segue. Todas aquelas páginas só jogam na minha cara que primeiro estou com medo de recomeçar, segundo estou só no começo e por último eu posso tentar o que quiser. E tentar o que quiser assusta pra caralho. 

Mas a verdade acredito é que ninguém sabe muito bem o que está fazendo, é uma sucessão de escolhas feita as pressas sem muito tempo de refletir no resultado final. Não sei se o que comi no café da manhã foi escolha minha ou uma seção de circunstâncias, não sei se fui pela esquerda ou pela direita por algum motivo. Quando foi que parei de decidir e só segui a maré pra não ter de me demorar. 

Só que o caderno está em branco e eu tenho que recomeçar. Só que o tempo ta correndo e eu to correndo também e parei de aproveitar, parei de prestar atenção não quero mais não prestar atenção. Cansei de não gostar de onde o caminho desenfreado foi parar.

O incerto assusta, errar assusta, começar de novo assusta e peder o amor pelas coisas que gostava de fazer é deprimente. Prefiro ter que reescrever toda a história centenas de vezes em centenas de caderninhos do que ficar parada seguindo o sistema sem sentir vontade nem de levantar pela manhã.

O caderno ta em branco e eu vou reescrevê-lo e ele será uma bagunça porque eu sou uma bagunça, mas não sendo algo ruim, mas sim algo que faz parte. Quero voltar a gostar do que eu faço, quero ser aquela insana que topa fazer de tudo um pouco, mas dessa vez por que eu quero. Afinal o caderno ta em branco e eu vou recomeçar de novo.

 Sarah Evelyn - Graduanda em Jornalismo na UFSJ

# Curta nossa página no Facebook, acesse : https://www.facebook.com/girodowa?fref=ts

- Copyright © Giro do Wal - Desing by Rogério Brasil - Melhor Visualizado no Chrome ou Firefox