Postado por: Giro do Wal sexta-feira, 13 de setembro de 2013

              

- Já Volto -


  Levantou e abriu a janela. Observou o dia ensolarado de céu azul e nuvens brancas. Respirou fundo, tomou um banho frio, secou-se com a melhor toalha, bebeu uma xícara bem servida de café. Gostava de moer o próprio grão, fazia todo domingo, quase, religiosamente. Escovou os dentes e beijou apaixonadamente sua esposa.
                Passou gel, penteou os cabelos para trás, arrumou o bigode e despejou um pouco de colônia no pescoço, peito, punhos e atrás da orelha. Vestiu seu terno preto novo, camisa branca e deu um nó bem dado naquela gravata preta que ganhou de natal. Calçou os sapatos bem engraxados, colocou o cantil com conhaque no bolso de dentro do paletó, a carteira no bolso de trás da calça e saiu.
                - Vou comprar cigarros. Disse sorrindo a esposa.
                Vinte anos depois ela ainda espera na janela, como aquelas namoradeiras das casas de Minas Gerais, o radinho a pilha tocando chorinhos e o olhar triste no horizonte sempre a lembrar do que pensava naquela fatídica manhã.
                “Engraçado, não me lembro de ver o Astolfo fumar”.

João Bennett um quase goiano, quase ator, quase escritor, quase legal. Tenho direito de permanecer em silêncio, tudo que eu disser pode, e será, usado contra mim.




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