- Página inicial »
- Crônicas Azuis - por João Bennett
Postado por: Giro do Wal
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
Coluna semanal de contos cotidianos, pra você que gosta mais de mostarda que de ketchup - e também pra você que não gosta.
- Sem Calor -
Certa
vez em Goiás conheci um rapaz. Ele tinha cabelos castanhos que fugiam por
debaixo do seu chapéu de cowboy, dentes amarelados e a boca sempre aberta
deixava escapar o hálito de cachaça bebida. A pele queimada do sol, já não era
mais branca. Os olhos não ficavam tão abertos e o branco, assim como na pele,
dava lugar ao vermelho.
E ele
falava de cavalos, vacas e cabras. Ele falava de mulheres, pescarias e cervejas
enquanto tufos de cabelo castanho tentavam escapar por debaixo do chapéu.
Enquanto a saliva voava alcoólica alguns passos à frente, ele cantava modas
antigas e tocava um desafinado violão.
As
pessoas nos bares, nas ruas e nas chácaras não davam atenção. As nuvens com
seus cães, dragões e cartolas, não davam atenção.
Seu
chapéu de cowboy caiu enquanto saía, e as lagrimas caíam quando ele dizia que
tinha mulher e filha.
O mundo
não foi cruel.
Ele
dizia, colocando o chapéu, que as pessoas foram e ele acabou por perder o que
não devia.
E o
rapaz falava de cavalos e mulheres, pescarias e vacas, cervejas e cabras,
churrascos e amizades enquanto mechas de cabelo fugiam por debaixo do chapéu de
cowboy e lágrimas salgadas escorriam até a boca, com dentes amarelos e cheiro
de cachaça bebida.
João Bennett um quase goiano, quase ator, quase escritor, quase legal. Tenho direito de permanecer em silêncio, tudo que eu disser pode, e será, usado contra mim.
* Confiram mais em : http://cronicasdoquartoazul.blogspot.com.br/
Postar um comentário